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GAZETA MERCANTIL -           Página  C-3

Trabalho virtual e coworking atrai empresas e profissionais

HP, Biosintética, Kodak e Adaptec mandam parte dos funcionários trabalhar em casa e ganham em custos e produtividade.

Taís Fuoco, de São Paulo

Os recursos de informática estão garantindo economia e aumento de produtividade às empresas que apostaram num conceito moderno de trabalho: o virtual. O já possível acesso remoto, de casa ou das ruas, está acelerando o fechamento de negócios de companhias como Hewlett-Packard (HP), Kodak e Laboratórios Biosintética.

No caso da Adaptec, empresa norte-americana que desenvolve interfaces para computadores de pequeno porte, o "country manager" brasileiro é virtual. José Henrique Amorosino trabalha em sua casa, em Campinas (SP), desde janeiro do ano passado.

Na Kodak brasileira, outro caso de empresa que adotou o trabalho virtual, US$ 3,5 milhões foram investidos desde 1984 para oferecer a cerca de 130 vendedores e executivos a infra-estrutura necessária para conectar-se à empresa, de casa ou da rua, sempre que for preciso.

Para permitir o acesso, a empresa instalou linhas telefônicas exclusivas na casa de cada um deles, além de um desktop (computador de mesa), correio eletrônico, "order entry" (sistema de gerenciamento de clientes que acessa a situação de cada um deles em relação a crédito e estoque), secretária eletrônica e pager.

De 1994 para cá, os PCs estão sendo substituídos por "notebooks" com placa de modem, permitindo que o equipamento possa ser levado em visitas ou viagens, já na plataforma Windows. O modelo de e-mail (correio eletrônico) oferecido, o Professional Office System (Profs), da IBM, foi substituído pelo CC-Mail, da Lotus, que permite enviar mensagens de forma mais eficiente e barata, segundo a Kodak.

Segundo Waldir Berger, diretor de relações com o mercado da Kodak, os funcionários perdiam tempo na locomoção até o trabalho, tomavam cafezinhos com os colegas de escritório, saíam para almoçar e, em todas essas atividades, perdiam tempo que poderia ser usado no incremento das vendas.

Com a implantação do acesso remoto, "o número de clientes visitados por vendedor quintuplicou", afirma Berger. Os clientes também estão mais satisfeitos com o atendimento dispensado, diz o executivo.

Do início do processo para cá, a mudança mostrou-se cada vez mais apropriada, segundo ele. "0 trânsito só piorou e as locomoções estão cada vez mais difíceis", diz Berger. O único ponto não favorável foi a confraternização entre os trabalhadores, situação que a empresa tenta contornar com reuniões de integração.

Além do maior contato com os clientes, que pode resultar no crescimento das vendas, a Kodak também eliminou o espaço que esses 130 funcionários ocupavam em suas instalações. Outra vantagem, segundo a empresa, é permitir ao quadro virtual acesso às informações da empresa 24 horas por dia.

Os Laboratórios Biosintética também adotaram a informática para incrementar as vendas e prestar serviços diferenciados. Nos últimos dois anos, a empresa investiu US$ 2,5 milhões em informatização, dos quais US$ 1 milhão para permitir o acesso remoto à sua força de vendas. Desse volume, US$ 300 mil foram em hardware interno, US$ 400 mil em aplicativos e US$ 350 mil anuais em telecomunicações.

"Adotamos o modelo de equipes de alto desempenho, pelo qual os gerentes passaram a ser líderes executivos e a figura do chefe deixou de existir. A Global One foi contratada para fornecer o acesso à lnternet, que permitirá aos representantes comerciais receber informações, solicitar pesquisas e amostras de medicamentos", diz Henry Visconde, vice-presidente da Biosintética.

A empresa colocou o acesso remoto à disposição dos 220 funcionários, entre líderes e representantes comerciais. A idéia partiu de uma pesquisa que detectou que 35% da força de vendas da Biosintética dispunha de microcomputador em casa. Os vendedores já não dispõem de espaço físico na empresa e, segundo Visconde, "estão mais próximos da Biosintética do que antes".

Quanto ao retomo do investimento, o vice-presidente afirma que o maior ganho será na agilidade das informações e no maior acesso de todos os departamentos aos dados da empresa. "Não queremos economizar, queremos ganhar produtividade e faturamento", diz Visconde.

A Hewlett-Packard faz uso extenso do trabalho remoto nas áreas de vendas e manutenção. Dos 850 funcionários que a companhia mantém no Brasil, 200 trabalham dessa forma, equipados com notebooks conectados à rede interna, além de telefones celulares. Quando esse pessoal precisa de uma mesa de escritório para realizar um determinado trabalho, a empresa coloca à disposição um escritório virtual.

A idéia surgiu em função do trânsito caótico da capital paulista e das distâncias a serem percorridas, já que os escritórios físicos da empresa ficam em Alphaville, no município de Barueri, Grande São Paulo.

"Colocamos à disposição uma sala na avenida Nações Unidas, na capital, com várias mesas, telefones e estrutura elétrica para que os computadores possam ser conectados", diz Alberto Golbert, diretor de recursos humanos da HP.

A empresa afirma não estar satisfeita com o sistema porque "ele atinge um número ainda muito pequeno de funcionários. Queremos ampliar essa forma de trabalho para todos os funcionários fixos da empresa", diz o diretor da HP.

Segundo o executivo, nos últimos três anos "muito foi investido, mas, com certeza, os ganhos foram muito maiores que o investimento. Uma pessoa produz muito mais em casa do que num escritório".

A Manager Assessoria em Recursos Humanos ouviu 314 profissionais, de empresas de vários setores e espalhadas por todo o País, no período de dezembro de 1997 a janeiro de 1998. A pesquisa mostra que a opção por trabalhar em casa ou remotamente mostra-se um desafio para as empresas. Essa foi a definição do "home office" para 57,3% dos pesquisados. Para 31,8% deles, a proposta é estimulante, 19,7% dizem ser um sistema eficaz de trabalho, mas 2,5% acham-no desnecessário e 1,9%, ineficaz.

As vantagens dessa opção podem ser apontadas tanto do lado dos trabalhadores como da empresa. Na pesquisa, as principais vantagens apontadas para a empresa são redução de custos, aumento de produtividade e diminuição do tempo gasto com deslocamentos. Para o profissional, as vantagens são economia de tempo, melhor distribuição das rotinas e maior privacidade.

Profissionais liberais buscam escritórios compartilhados como medida mais econômica para se manterem no mercado

Durante a pandemia, os escritórios foram, obrigatoriamente, transferidos para dentro das casas e ganharam o status de home office. Após esse período, profissionais liberais e empreendedores buscaram medidas mais econômicas para continuarem atendendo os clientes, sem necessidade de entrarem novamente em longos contratos de aluguel de imóveis e salas comerciais. A busca por medidas mais econômicas e até mais sustentáveis fortaleceu o mercado dos chamados coworkings, segundo Carolina Cunha, Gestora e Sócia da Prooffice Escritórios Inteligentes.

Além disso, os coworkings são medidas sustentáveis, e o tema já é considerado a sexta onda da Inovação, e está cada vez mais presente dentro dos coworkings, ou escritórios compartilhados “Quando você concentra todos os esforços no mesmo lugar, você tem uma redução de custos de até 85% e a produtividade da equipe aumenta em até 55%. O coworking em si é comunitário. Então, se a gente tem um espaço onde várias pessoas, de várias profissões, usam, a gente já está praticando a sustentabilidade em comunidade”, explica Carolina Cunha.

Segundo pesquisa divulgada em 2020 pela Abrecon – Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos de Construção Civil e Demolição, o brasileiro produz em média mais de meia tonelada de resíduos de construção no ano. “A gente já fez esses orçamentos recentes, sai em torno de 8 a 11 mil para construir uma nova sala e aproveitando a deixa pra falar do impacto sustentável, se eu recebo em uma única sala 46 clientes por mês, esses 46 clientes não têm uma sala pra cada um, então, só daí você já tem um impacto gigantesco na economia e até na questão de clima e sustentabilidade na construção civil”, exemplifica Carolina.

Outra pesquisa, da Fundação Getúlio Vargas, apontou que em outubro de 2022, 32,7% das empresas afirmaram ter adotado o modelo home office parcial ou total. Leuza Medeiros, é Diretora de uma empresa que tem escritório na Prooffice. “Nós escolhemos ter uma sala justamente pela comodidade, pela estrutura de serviços muito sofisticada, serviços de recepção, copa. As vantagens são todas, em vez de ter um escritório fixo, com custo fixo, e ter que contratar outros colaboradores, na Prooffice você tem tudo à disposição pagando um preço muito justo”. “ A Leuza foi a primeira cliente da Prooffice, está conosco há 13 anos. Como também acontece de empresas nacionais optarem por ter sala com a gente porque é o modo que eles já usam nas outras cidades e eles entendem que é a forma mais econômica, a forma que dá mais produtividade pros colaboradores e o resultado é muito maior.” garante Carolina.

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